O que são juros?

Nas finanças, temos que ter em mente que a principal operação é a de empréstimo. Há sempre duas partes envolvidas: o que está na posição credora (quem vai conceder o empréstimo) e o que está na posição devedora(quem vai solicitar o empréstimo). Quem empresta o dinheiro espera ser remunerado após o fim do prazo acordado, ou seja, o devedor, ao final da transação, deverá devolver o valor emprestado acrescido da remuneração combinada. A esta remuneração dá-se o nome de juro(ou juros). O valor total recebido pelo credor é chamado de montante, que é composto pelo valor emprestado, chamado de capital ou principal, somado aos juros. A fim de fixar as ideias, vamos a um exemplo:

Você pede emprestado R$ 1.000,00 e fica acordado que o pagamento deverá ser quitado em 12 parcelas de R$ 100,00, totalizando assim uma dívida de R$ 1.200,00. Note que há uma diferença entre o valor total a pagar pelo empréstimo(montante) e o valor principal solicitado. A esta diferença, que no exemplo dado é igual a R$ 200,00(1200-1000), chamamos de juros.

A ideia implícita na cobrança de juros é o principal objeto de estudo da matemática financeira: o valor do dinheiro no tempo. Suponha que você precise de R$ 1.000,00. Se hoje você não possui esta quantia e necessita deste dinheiro por algum motivo específico, então você pode recorrer a um empréstimo, que nada mais é do que antecipar(importar do futuro) para usufruir deste valor no presente. Utilizando o exemplo anterior, vimos que o valor do juro foi de R$ 200,00, que é justamente o custo desta antecipação. Logo, antecipar gera um ônus 🙁

Por outro lado, quem poupa, abre mão de gastar hoje em prol de um benefício futuro( uma viagem de férias ou um plano de aposentadoria). Nete caso, estamos transpotando o dinheiro do presente para o futuro, em troca de um prêmio. Logo, adiar gera um bônus 🙂

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Quando um desconto vale a pena?

Você está em uma loja comprando uma camisa que custa R$ 100,00. A loja oferece duas formas de pagamento: à vista, com desconto de 1% ou cartão de crédito, porém sem opção de parcelamento. Qual das duas opções é financeiramente mais vantajosa?

Caso sua opção seja a primeira, o desconto será de R$ 1,00 e o preço final da camisa será de R$ 99,00, que deverá ser pago no ato da compra. Caso opte pelo pagamento no cartão de crédito, a camisa permanecerá pelo preço de R$ 100,00, porém, você só precisará desembolsar o valor daqui a 1 mês.

Normalmente os descontos concedidos pelas lojas são mais atrativos, variando, em média, de 5% à 20% para pagamentos à vista, mas o fato é que um desconto de 1% (escolhi propositalmente um desconto aparentemente pequeno para ser uma afronta) também é mais vantajoso, e, para isso, utilizarei como comparação o “investimento” que ainda é considerado por 74% dos brasileiros no Brasil: a poupança. https://investnews.com.br/programas/74-dos-brasileiros-ainda-investem-na-poupanca-e-ela-deve-perder-da-inflacao/

Hoje, a poupança, sem considerar perdas inflacionárias, rende aproximadamente 0,22% ao mês. O que isso significa? Se você deixar R$ 100,00 guardado na poupança durante 1 mês, terá um rendimento de R$ 0,22. Logo, ao optar pelo pagamento à vista,você estará abrindo mão de um rendimento de R$ 0,22 em troca de um rendimento de R$ 1,00(desconto concedido), ou seja, você estará ganhando quase 5 vezes mais que uma aplicação na poupança.

Achou pouco? Fazendo as contas para uma loja que conceda um desconto de 10%, ou seja, R$ 10,00 em cima de uma compra de R$ 100,00, saiba que você levaria aproximadamente 44 meses para ter esse mesmo rendimento de R$ 10,00 caso decidisse deixar R$ 100,00 aplicados na poupança 🙂

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Felicidade versus renda

O dinheiro traz felicidade? A ausência dele gera infelicidade? Pesquisadores como o psicólogo e economista Daniel Khaneman, ganhador do prêmio Nobel de Economia e Angus Deaton, professor de economia da Universidade Princeton, têm se debruçado sobre essas inquietantes questões nos últimos vinte anos.

Em estudos recentes, Khaneman e Deaton observaram que a felicidade relatada por norte-americanos aumenta à medida que suas rendas aumentam, mas apenas até um limite de aproximadamente 75 mil dólares anuais. Acima deste valor, o impacto ocasionado pelo aumento da renda sobre a felicidade é considerado insignificante.

Segundo as pesquisas, o aumento do grau de felicidade não é proporcional ao aumento da renda, pois, como vimos, ela se estabiliza no patamar de 75 mil dólares(há variações para este valor, dependendo da cultura, país, etc). Como assim? Suponha que você tenha uma renda de x Reais e que se considere com uma nota z em termos de felicidade. Se sua renda duplicasse, ou seja, passasse de x para 2x , seu grau de felicidade não necessariamente saltaria de z para 2z . Na verdade, Khaneman e Deaton cavaram mais fundo, concluindo: quanto menor é a renda de uma pessoa maior é o impacto em sua felicidade quando há o incremento de renda, independentemente da porcentagem de aumento. Por que isso acontece? Este aumento na renda possibilita que se tenha acesso à novas experiências e oportunidades. À medida que as necessidades básicas de uma pessoa vão sendo supridas é perfeitamente compreensível que se queira mais, como por exemplo, uma viagem de lazer ou uma reforma na casa.

Em números: Um aumento de R$ 500,00 no salário de uma pessoa que ganha R$ 1.000,00 causa um impacto muito maior na vida desta pessoa(felicidade)quando comparamos ao impacto que o mesmo aumento causa na vida de quem ganha R$ 5.000,00.

Quer aprofundar o assunto? Deixo as dicas dos excelentes livros dos autores citados no post 🙂

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Custo de oportunidade: por que você deveria considerá-lo ao tomar decisões

Ir ao cinema ou ficar em casa estudando? Comprar um carro ou economizar para aquela tão sonhada viagem? Ler um livro ou assistir um filme? Seja qual for o seu dilema, você terá que fazer uma escolha e, ao fazê-la, estará automaticamente dizendo não a todas as outras possibilidades.

Quer mais um exemplo? Suponha que você receba uma ligação, em uma sexta-feira, com uma oferta de trabalho. Este trabalho deverá ser entregue na segunda-feira e será remunerado. Você terá duas horas para confirmar se topa ou não participar.Por outro lado, você teve uma semana cansativa e fazer uma pequena viagem também não seria má ideia. Você decide então não aceitar o trabalho. Pega um táxi até a rodoviária, compra uma passagem para a cidade destino e fica hospedado em uma pousada durante o fim de semana. Ao retornar, verifica que a soma de todas as despesas relacionadas a viagem foi de R$ 1.000,00. Será que este é realmente o custo total da viagem? À luz da economia, a resposta é não!

O que está acontecendo? Ao decidir viajar, automaticamente você renunciou ao dinheiro que faria jus caso decidisse aceitar o trabalho. Neste caso, o dinheiro não recebido, deve ser computado como um custo implícito. À este custo, damos o nome de custo de oportunidade.

No entanto, é importante ressaltar que os custos de oportunidade nem sempre estão relacionados diretamente à uma decisão financeira. O custo(ônus) deve ser encarado como aquilo que se perde ao fazer determinada escolha e a oportunidade(bônus) é aquilo que se ganha por ter feito essa mesma escolha. Calcular custos de oportunidade não é uma tarefa fácil, principalmente quando consideramos as trocas intertemporais(trade-offs) , ou seja, abrir mão de algo no presente para colher benefícios no futuro. Quando você opta, por exemplo, em ficar em casa estudando para um concurso ao invés de ir a uma festa, você também está diante de um custo de oportunidade, pois está, de certa forma ,sacrificando a recompensa do presente (ir a à festa) em troca de aumentar as chances de ser aprovado no concurso no futuro (colher os benefícios). Não ir à festa, neste caso, é o custo intrínseco.

É evidente que não vamos sair por aí calculando e considerando custos de oportunidade para tudo, mas é importante que reconheçamos a necessidade de refletir mais sobre nossas decisões. Jamais teremos garantia de que um sacrifício no presente tenha como consequência uma vantagem no futuro, mas podemos tomar decisões mais acertadas de forma a melhorar a probabilidade de sucesso bem como diminuir a de fracasso.

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Uma breve introdução à Economia na Educação Financeira

O que é economia? Para que serve? Como ela afeta e influencia a vida das pesssoas? Respostas para estas perguntas podem ser facilmente encontradas em qualquer bom livro que trata do tema, mas nem sempre estão em uma linguagem acessível para um público adolescente, visto que o assunto é normalmente tratado apenas na educação superior. Sendo assim, pensei comigo: é uma excelente oportunidade de trazer o assunto para a educação básica.

Durante um debate com meus alunos(as) em uma aula de Educação Financeira, disparei as mesmas perguntas e dei um tempo para que eles(as) expusessem suas ideias. O que se seguiu foram 90 minutos de uma conversa muito enriquecedora, onde foram debatidos os mais variados assuntos que gravitam em torno do “planeta economia”, tais como juros, inflação,consumo, empregabilidade, etc. Porém, não pude deixar de notar que a maioria das respostas dos alunos(as) à pergunta “o que é economia?” tinha sempre algo relacionado a números, ao dinheiro, o que de fato é verdade, porém, incompleto. Senti, então, a necessidade de aprofundar o tema nos encontros que se seguiriam.

Mas afinal, o que é economia? O historiador inglês Thomas Carlyle, em 1849, definiu a economia como sendo uma “ciência sombria e triste”. A expressão veio de um entendimento de que a economia é um asssunto que, de uma maneira geral, só é perceptível pelas pessoas quando há algo errado, como por exemplo, cenários inflacionários e desemprego. Neste exato momento o mundo vive a epidemia do Covid-19 e o tema “economia” passou a ser um dos mais falados pelos quatro cantos. Pelo jeito Thomas Carlyle acertou em cheio.

A economia é , em seu cerne, uma ciência que estuda as pessoas e seus comportamentos. Ela examina como as pessoas interagem umas com as outras em diversos cenários, principalmente os cenários restritivos. Em suma, é uma ciência que estuda como indivíduos lidam com a condição de escassez e como elas tomam decisões, logo não faria sentido estudar economia se os recursos fossem infinitos e acessíveis a todos.

E para você, o que é economia? Deixe seus comentários 🙂

Falar de dinheiro é desconfortável?

Imagine que você está em uma mesa de bar rodeada de amigos onde a conversa está rolando solta. O clima é descontraído, com muitas risadas e os assuntos debatidos são os mais variados possíveis. De repente, pedem a conta. O garçom se aproxima e entrega a temida nas mãos daquele(a) que foi eleito(a) pela turma para fazer os “complexos” cálculos. O assunto ficou sério. É sobre dinheiro…

Ouve-se , então, um debate incessante: eu comi isto, bebi aquilo. Não pedi essa bebida. Fulano foi embora e não pagou. Paga a minha parte que depois acerto com você. Por que eu tenho que dividir igualmente se eu não comi coxinha? Não vou pagar os 10% do garçom pois fui mal atendido. Aqui não volto mais. Nossa, que caro…Fim das risadas.

Parece mentira, mas situações constrangedoras como esta são mais comuns do que se imagina. Eu, particularmente, não conheço quem nunca tenha presenciado ou vivido uma experiência parecida.

A grande questão é: por que as pessoas têm tanta dificuldade de falar e tomar decisões que envolvem dinheiro? Por que se sentem tão desconfortáveis? Responder a esta complexa questão tem sido um grande desafio para a área da Economia Comportamental . Estudos mais recentes, conduzidos por grandes economistas comportamentais como Richard Thaler e Dan Ariely, têm mostrado que nossas decisões sobre o dinheiro são menos racionais e cartesianas do que se imaginava, indo de encontro à economia clássica e racional de  Adam Smith, pai da economia moderna.

Richard Thaler, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2017, foi um dos primeiros economistas a considerar a economia e a psicologia como inseparáveis. Em sua linha de pesquisa, batizada de Economia Comportamental[1], Thaler defende que as pessoas nem sempre tomam decisões de forma racional e que suas escolhas são baseadas em questões subjetivas e culturais. Esse comportamento não racional traz à tona os aspectos emocionais que envolvem a tomada de decisão, que, inúmeras vezes , são essenciais para entender o comportamento humano.

Quer fazer um teste para medir o grau de desconfoto de alguém quando o assunto é dinheiro? Pergunte a um conhecido(a), amigo(a), parente, quanto ele ganha por mês e observe sua reação, sua resposta. Sinta-se à vontade para compartilhar a resposta nos comentários 🙂


[1] THALLER, Richard: Misbehaving – A Construção da economia comportamental . 1.ed- Rio de Janeiro: Instrínseca,2019

A Educação Financeira: muito além das finanças

Quando você ouve a palavra “finanças” , qual é a primeira coisa que passa pela sua cabeça? Se você evocou pensamentos como dinheiro, matemática ou economia, acertou, já que o vocábulo “finanças” tem sua origem no francês medieval finance, que tem como significado “término de uma dívida, quitação”. Já o vocábulo “educar” origina-se do latim educare, ducere, que significa “direcionar para fora” ou “conduzir para fora”, ou seja, a palavra carrega um sentido intrínseco de preparar as pessoas para se relacionarem com o mundo externo. Curiosamente, a palavra educação é frequentemente associada a uma acepção de boas maneiras, tanto é que o indivíduo que se comporta de maneira não apropriada em um meio social é chamado de mal-educado.

E quando juntamos as duas palavras para formar o termo “Educação Financeira”? É forçoso admitir que tal termo nos remete a uma ideia de preparar os indivíduos de uma sociedade a lidarem melhor com as finanças, mas não é somente isso. A Educação Financeira vai além: se preocupa em formar cidadãos responsáveis, conscientes, pró-ativos, equilibrados e reflexivos, de forma que possam construir uma sociedade mais justa e sustentável. Para isso, os projetos de Educação Financeira devem estar focados em debater assuntos multidisciplinares, tais como ética, direitos e deveres do cidadão, moradia, trabalho, saúde, segurança, psicologia, valores, essencialismo, ecologia, acessibilidade, inclusão , tomada de decisões, etc.