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Professor, pode usar calculadora?

Normalmente, quando meus alunos me perguntam se o uso de calculadora(agora, celular!) é permitido durante uma avaliação, logo respondo: claro ! Basta saber quais os botões que deverão ser apertados! Fim de papo! 🙂

Eu, particularmente, sou a favor do uso de qualquer instrumento de cálculo, tais como calculadoras e planilhas, desde que a idade seja propícia ao raciocínio mais abstrato e o objetivo das questões propostas pelo professor estejam alinhadas às habilidades que se deseja verificar e desenvolver no aluno.

Porém há um problema: atualmente há softwares que resolvem desde a mais simples expressão matemática até a mais complexa equação. Como resolver isso?

Eu sempre procuro, na medida do possível, elaborar minhas próprias questões. É mais trabalhoso, mas o esforço vale a pena. Vamos a um exemplo, explorando um pouco a matemática financeira:

Júlio aplicou R$ 20.000,00 na bolsa de valores e obteve um lucro de 5% sobre o valor aplicado. Sabendo que sobre este lucro incide ainda um imposto de 15% , determine qual o lucro líquido (já descontado o imposto) de Júlio e qual o montante da operação.

O exemplo acima é o tipo de questão que pode ser facilmente resolvido com o cálculo direto de porcentagens, com uma calculadora (ou não). Como eu tornaria esta questão mais interessante? Eis a minha ideia:

Questão: Você tem à sua disposição a calculadora abaixo. Porém, o botão de porcentagem(%) não está funcionando(indicado com o X em vermelho). Resolva o problema abaixo, utilizando esta calculadora, explicando quais os botões deverão ser apertados para chegar ao resultado correto!

Júlio aplicou R$ 20.000,00 na bolsa de valores e obteve um lucro de 5% sobre o valor aplicado. Sabendo que sobre este lucro incide ainda um imposto de 15% , determine qual o lucro líquido (já descontado o imposto) de Júlio e qual o montante da operação.

R: O que eu quero com esta questão? Que o aluno saiba calcular porcentagens usando convenientemente suas representação decimal. Primeiramente, vamos ao cálculo do lucro, que é simplesmente pegar os 20.000 e multiplicar por 0,05. A sequência deverá ser esta: 20000 x 0,05 = 1000 .

O segundo passo é calcular o imposto sobre o lucro. A sequência deverá ser esta: 1000 x 0,15=150

Em seguida , subtrair os 150 dos 1000 , a fim de obter o lucro líquido do investimento, já que os 150 são impostos: 1000-150 =850

E para fechar com chave de ouro, o cálculo do montante: 20000+850=20850

Espero que tenham gostado deste post e até a próxima ! Não esqueça de deixar seus comentários, críticas e/ou sugestões e indicar este blog para seus amigos !

Obrigado 🙂

Prof.Cassius Almada

Matemática básica para não cair em golpes financeiros

Se em pleno 2020 alguém te oferecesse um investimento que garantisse, sem riscos, uma rentabilidade de 1% ao mês sobre o capital aplicado, você aceitaria? Se você respondeu SIM, então lamento informar: você foi vítima de um golpe.

Golpistas são ainda mais ousados. Oferecem retornos “garantidos” à taxas de 5% à 10% ao mês. E vítima é o que não falta.

Mas por que isto acontece? O que leva uma pessoa a acreditar que seu suado dinheiro possa render 5% ao mês em um investimento que não ofereça risco? Vamos refletir juntos acerca desta questão!

Você conhece o ditado ” Criança cega a gente”? É um ditado antigo que provavelmente nunca cairá em desuso, pois serve de alerta para que pais fiquem atentos às ações de seus filhos. Quando estão descobrindo o mundo, as crianças agem por impulso e não têm a mínima noção do perigo que é , por exemplo, atravessar uma rua ou descer uma escada. Querem simplesmente explorar e interagir com o ambiente. Como ainda não possuem um nível de abstração suficiente que os permita tomarem decisões mais acertadas, são 100% dependentes.

Arrisco a dizer que a falta de conhecimento de matemática básica e de um letramento financeiro são os principais motivos que levam adultos a agirem como crianças. Aquelas mesmas, que cegam a gente.

Segundo o resultado do último PISA(Programa Internacional de Avaliação de Alunos) , em 2018, dos 79 países avaliados, o Brasil amargou a 73° posição no desempenho em matemática e 59° posição em leitura. Em letramento financeiro, o Brasil ocupa a 17° posição dos 20 países avaliados.

Como professor de matemática, acho o currículo de matemática do Brasil péssimo. Há centenas de trabalhos e pesquisas ( como o SAEB, por exemplo) que mostram que, ao concluírem o ensino médio, 70% dos alunos estão em um nível insuficiente, com notas entre 0 e 3 em uma escala de 0 a 10. Alunos que estão neste nível não sabem fazer cálculos com números decimais e, por consequência, não sabem calcular porcentagens. Logo, não conseguem aprender matemática financeira básica para a vida. E pasmem: o primeiro contato do aluno com o cálculo de porcentagens é no 5° ano do ensino fundamental.

Então basta dominar cálculos com porcentagens e ter uma boa base matemática para não cair em golpes? Ajuda, mas não resolve. Precisamos de uma matemática provocativa e reflexiva e, sempre que possível, adequada aos desafios do nosso cotidiano. Pergunte a um jovem de 15 anos quanto é a taxa básica de juros (SELIC). Aproveite e volte ao início deste post e também pergunte a este mesmo jovem se ele acharia interessante uma aplicação financeira com retorno garantido de 1% ao mês. Este jovem está prestes a virar adulto e tomar suas próprias decisões. E o adulto de hoje? Foi o que caiu no golpe e foi o jovem de ontem.

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